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Limbo racial

Há tempos tento decidir qual a melhor forma de partilhar as impressões em relação aos últimos eventos que ocorreram em minha vida. Apesar de considerar que ainda não encontrei a fórmula ideal, senti-me inspirado a escrever, e decidi produzir algo antes que a inspiração me abandonasse novamente e a proposta de reflexão se perdesse por completo. Em termos deleuzianos, a experiência com determinado acontecimento é e sempre será particular, pessoal e intransferível. Entretanto, alguns aspectos desse acontecimento são generalizáveis, o que justifica a nossa identificação com determinadas histórias: dada a singularidade de cada pessoa, somos incapazes de experimentar exatamente o que o outro experimenta, mas há algo na experiência alheia que se repete em outras experiências e em minhas experiências. Talvez seja esta a fórmula da empatia. Em 2020 atuava como professor em uma escola adepta às diretrizes do Programa Ensino Integral (PEI). Fui aprovado no processo seletivo do curso de mestrado d...

Manifesto Preto

O Coluna Preta surge para fazer frente a uma situação que se perpetua por anos em nossa sociedade: a invisibilidade dx negrx. No Brasil, sociedade predominantemente negra e afrodescendente, é de se estranhar que apenas 10% dos livros publicados entre 1965 e 2014 sejam de autores negros. Na educação, 22,2% da população branca tem 12 anos ou mais de estudo, enquanto na população negra a taxa é de 9,4 %. O índice de analfabetismo em 2016 entre os negros era de 9,9 %, mais que o dobro entre os brancos. Nos cursos superiores, em 2010, os negros representavam 29% dos estudantes de mestrado e doutorado, 0,03% do total de aproximadamente 200 mil doutores nas mais diversas áreas do conhecimento e somente 1,8 % entre todos os professores da Universidade de São Paulo (USP). Esse é o altíssimo preço que ainda pagamos pelo abandono da população negra após a Lei Áurea. Joaquim Nabuco dizia que os brasileiros estariam condenados ao atraso enquanto não resolvessem o problema da escravidão de forma sa...

Escravidão, do autor Laurentino Gomes

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Profª. Ma. Carolina dos Santos Rocha Secretaria da Educação do Estado de São Paulo - Seduc/SP E-mail: carolrocha83@yahoo.com.br Fonte: Globo Livros Escravidão é o primeiro livro de uma trilogia escrita por Laurentino Gomes, jornalista e autor de três títulos sobre História do Brasil  — 1 822 , 1808 e 1889 . O autor explica o projeto: a história do primeiro livro da trilogia tem seu início na África, comenta sobre outras formas de escravidão e também sobre a travessia de seres humanos escravizados pelo Atlântico. O segundo livro, ainda sem nome, deve concentrar sua narrativa no auge do tráfico negreiro e o terceiro tratará sobre o movimento abolicionista, o tráfico ilegal e o seu legado nos dias atuais.  Ainda na introdução, Laurentino Gomes faz uma breve explicação sobre “sutilezas linguísticas” para explicar o uso de alguns termos em desuso, como por exemplo, a coexistência dos termos “escravo” e “escravizados” em sua obra. A justificativa para tal uso...