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Uberização: mais um cadafalso para a educação

Em 26 de fevereiro de 2021 veio a público no canal do YouTube do jornal Folha de S. Paulo o primeiro vídeo da série intitulada “E Eu ?” que, conforme descrição no canal, objetiva apresentar o relato de “minorias pouco representadas na mídia” a respeito de “problemas na relação com a imprensa”. O vídeo em questão consiste em uma entrevista concedida por Paulo Lima – conhecido como Paulo Galo, líder do movimento dos Entregadores Antifascistas – na qual discute de maneira contundente, entre outros temas, as características e abrangência da precarização do trabalho no séc. XXI. Desde o primeiro dia em que o assisti decidi adotá-lo como material paradidático para as aulas de Filosofia, sobretudo para as ocasiões nas quais me proponho a tecer reflexões, com os estudantes, acerca do mundo do trabalho.  Durante a entrevista, Paulo Lima afirma que a uberização não é um problema exclusivo dos entregadores, mas um processo que alvejará outros setores. E argumenta que se a Revolução Industrial...

O silêncio nos conduzirá à bancarrota*

Desde que ingressei na rede pública estadual de educação como professor em regime de contratação temporária, há 12 anos, convivo com o temor de que em algum momento não haverá espaço para a Filosofia na educação básica. Portanto, logo no início da carreira, fui orientado por diretores de escola e colegas professores a cursar outra graduação para ter uma carta na manga no momento em que a ameaça se consolidar. Durante algum tempo, a estratégia do governo do estado de São Paulo foi a de fechar salas de aula no período noturno reduzindo, a um tempo, a quantidade de turmas e a jornada de trabalho dos professores. Essa medida foi incrementada com a expansão do Programa Ensino Integral (PEI) e, posteriormente, com as reformas curriculares dos últimos anos: arbitrariedades fantasiadas de legalidade.  A implementação da etapa Ensino Médio da Base Nacional Comum Curricular impôs aos estados a tarefa de reorganizar os currículos. Progressivamente, o Currículo Paulista substituiu o Currículo ...

Limbo racial

Há tempos tento decidir qual a melhor forma de partilhar as impressões em relação aos últimos eventos que ocorreram em minha vida. Apesar de considerar que ainda não encontrei a fórmula ideal, senti-me inspirado a escrever, e decidi produzir algo antes que a inspiração me abandonasse novamente e a proposta de reflexão se perdesse por completo. Em termos deleuzianos, a experiência com determinado acontecimento é e sempre será particular, pessoal e intransferível. Entretanto, alguns aspectos desse acontecimento são generalizáveis, o que justifica a nossa identificação com determinadas histórias: dada a singularidade de cada pessoa, somos incapazes de experimentar exatamente o que o outro experimenta, mas há algo na experiência alheia que se repete em outras experiências e em minhas experiências. Talvez seja esta a fórmula da empatia. Em 2020 atuava como professor em uma escola adepta às diretrizes do Programa Ensino Integral (PEI). Fui aprovado no processo seletivo do curso de mestrado d...